terça-feira, 5 de março de 2013

2-A arte nas mãos.

  Ingryd Lamas

            Ingryd Lamas se descobriu nas artes ainda na infância. Antes de falar, tesouras, papéis e lápis já faziam parte da sua vida e, com eles, o amor crescente por produzir com as mãos. Aos 24 anos, é formada em Design de Moda. Profissão que ela escolheu, não por se considerar talentosa, já que, para ela, desenho é prática e técnica, mas sim porque é uma profissão que lhe proporciona realização plena."Quando estou fazendo algo com minhas mãos, encontro meu estado de nirvana".


               Dentre suas habilidades artísticas como: recortes, colagens, pinturas a acessórios e algumas peças de roupa está o desenho. Nessa arte, ela se divide em três vias temáticas.  Devido a sua formação em moda, ela procura passar para sua ilustração, imagens clássicas do mundo da moda. E por ser apaixonada por Street Style (moda de rua), ela prefere fazer desenhos com imagens dos seus fotógrafos preferidos desse estilo. Outro tema são os carros, pois representam uma enorme paixão em sua vida, principalmente, os antigos. Por fim, as imagens abstratas aliadas a textos e frases. Sendo esse, o seu jeito favorito.




                Seu propósito com esses textos é transmitir mensagens que preguem uma vida mais relaxada e tranquila. Pois, diante dessa sociedade confusa e estressante, as pessoas deveriam complicar menos e aproveitar mais. Esse mundo "cheio de signos e símbolos chega a ser sufocante". Ela acredita que a vida, com certeza, deveria ser levada de maneira mais simples.


               Tais textos são frequentemente escritos em inglês. Língua pela qual ela se apaixonou concomitante ao seu aprendizado. O inglês se tornou parte da sua vida e do seu corpo ("tenho tatuagens em inglês"), pois é uma língua "simples, prática, permissiva e poética". Escrevendo em inglês, ela consegue colocar muito significado nas suas ilustrações, além de que, a divulgação do seu trabalho é feita em sites globalizados, e publicar em português restringiria o público.


               Em se tratando de sua inspiração, o cotidiano é o lhe inspira.  E com ela, o seu propósito de incentivar uma vida mais simples para as pessoas. Inspira-se também em beleza, já que, para ela "até o feio deve ser belo".  Ela prefere não se basear em outros artistas, pois isso poderia comprometer a identidade das suas ilustrações. Mas, frequentemente, procura conhecer o trabalho de outros ilustradores, o que pode ser um acréscimo de perspectivas.


               Ingryd trabalha com a venda dos seus desenhos. Estes são sempre muito apreciados, contudo poucas pessoas realmente se interessam até o ato da compra, isso porque hoje é muito mais fácil copiar e imprimir. No Brasil, o valor pela originalidade é muito pequeno. Assim, é mais comum, receber ilustrações por encomenda, pois assim as pessoas já possuem suas intenções.


               Ilustrar, por si só, é uma experiência incrível em sua vida. Seja em aulas, workshops, oficinas, seja apenas trocando ideias. Ingryd desempenha com brilhantismo seu trabalho. É uma profissional com vasto conhecimento, desenvoltura e, sim, vocação. Certamente, sua identificação, amor e dedicação pelo que faz lhes condicionaram esses méritos.

sábado, 2 de março de 2013

A arte nas mãos.

Fauzia de Barros Vieira.

Fauzia é natural de Tombos, tem 19 anos, anda de skate e tem um dom admirável de desenhar.  Foi em 2008 quando, por acaso, ela se descobriu no desenho. Ao olhar para uma folha que tinha um sapinho desenhado, decidiu tentar copiá-lo e conseguiu! Por mais que pareça "boba" essa conquista, ela foi o ponto de partida para Fauzia não parar mais de desenhar. Mas ela admite, foi ao longo do tempo que se aperfeiçoou e tornou sua arte cada vez melhor ( "no início era tenso").
O sentimento de estar desenhando é, para ela, inexplicável. Ela sente que o desenho a faz ver o mundo de outra forma, principalmente, porque está sendo criado por ela mesma. Quando o momento propicia inspiração, a sensação se torna ainda melhor. A sensação é de missão cumprida por ter conseguido transmitir para o papel aquilo que estava na cabeça. Ouvir uma boa música é algo que realmente a ajuda muito, pois as ideias se fortalecem. "Dá um up", como ela mesma diz.

Em relação aos temas, o Rock (e suas variáveis) é  sua grande preferência. Mas gosta de cores. Ama desenhar fuscas, objeto que ela sempre procurou conseguir desenhar e, agora está conseguindo. Com isso, ela vai buscar trabalhar mais a ideia pop art. O amor aos fuscas se deve à sua admiração por coisas antigas, clássicas e também, devido ao design dos carros, que a atrai muito.



 Fauzia pretendia seguir carreiras ligadas a esse talento, Arquitetura ou Desenho industrial. Contudo, não obteve pontos para ser aprovada nos vestibulares destas. Além disso, ela já estava receosa quando ao mercado de trabalho dessas áreas. Assim, optou por fazer Economia e está aguardando os resultados dos concursos. Porém, o desenho não ficará apenas como um hobby em sua vida, ela vai procurar um jeito de "extravasar a criatividade".
 Inicialmente vai investir em estampar camisetas com seus próprios desenhos e também está pensando em transferi-los para quadros, ou seja, na pintura. 

Dentre os inúmeros empregos de um desenho no decorrer da sua vida, houve o emprego AMOROSO. Até mesmo para quem não tem talento, nem que seja o tradicional coração, todos desenham. 

Fauzia há um tempo, gostava muito de um menino, e esse amor lhe dava muita inspiração para fazer desenhos deles juntos. Ela fazia e entregava para ele, acreditando na reciprocidade desse amor. Em um desses desenhos ela fez um "meio a meio", metade do rosto dele e metade do dela, o que ela considerou, "modéstia à parte", excelente. Mas, no fim, descobriu que esse amor não era correspondido e que tinha feito tudo "à toa". A experiência foi ruim, mas não o suficiente para desistir de desenhar, apenas preferiu se desfazer dos tais desenhos.
            O talento dela propiciará muitas oportunidades, pois além de sua vocação, Fauzia é uma menina determinada e acredita nos seus sonhos. E, como dizia Salvador Dalí, "Desenhar é a integridade da arte. Não há possibilidade de trapacear. Ou é bom ou é ruim." Ela já provou ser uma grande artista. 

    

sexta-feira, 1 de março de 2013

4 - Histórias de campobelenses que vivem ou viveram fora do Brasil.


Wagner José Alvarenga Júnior

Wagner se mudou para os EUA (Biwabik, estado de Minessota), em 2011. Diferentemente das outras histórias, não foi uma escolha sua e sim uma "convocação" de trabalho. Essa era uma oportunidade imperdível, tanto para o seu crescimento profissional quanto pessoal. A adaptação a essa nova vida, com certeza, não seria tarefa fácil, mas diante da disposição de se adaptar, tudo se tornou mais fácil.
O novo clima, felizmente, não o incomodou, já que, ele prefere o inverno ao verão. Chegou aos EUA em pleno verão e, para o começo da nova vida, não sofrer uma mudança brusca de temperatura favoreceu muito. Além disso, durante o inverno, esquiar se tornou o seu grande hobby e isso foi um motivo a mais para gostar do clima. "Esquiava todo final de semana, eu morava em frente à estação de ski".
Em se tratando de receptividade, esta é um dos principais receios dos brasileiros quanto aos estadunidenses. De forma generalizada, acredita-se que não haverá aceitação e sim muito preconceito. Contudo, ao contrário do que Wagner esperava, as pessoas de seu convívio o receberam muito bem, inclusive, foi convidado a passar o dia de Ação de Graças e o Natal na casa de seus colegas de trabalho. O que é uma forma de mostrar amizade, pois são datas de comemoração familiar, e ele foi incluído.
Ainda que encontrar pessoas novas seja muito bom, as pessoas que teve que deixar para trás são insubstituíveis e, portanto, fizeram muita falta. Em se tratando da família, Wagner já morava fora de casa há onze anos e isso contribuiu para que não fosse um impacto tão grande. Já em relação à namorada, foi muito difícil se separar, mas devido à relação sólida e madura que vivem, a confiança foi fator primordial. E, para amenizar a saudade, a cada dois meses, ele passava uma semana no Brasil.
Além das pessoas, o que ele mais sentiu falta do Brasil foi a alimentação.  Relatou não ter se adaptado à forma superficial que temperam os alimentos, "Ao cortar a carne não se encontrar sabor no interior". E também há o excesso de comidas não saudáveis na alimentação, o que foi prejudicial a sua saúde, levando-o a retornar ao Brasil com uns quilinhos a mais.
Wagner se mudou com tempo determinado para voltar, durante esse tempo desfrutou de muitas maravilhas que deixaram saudade: "esquiar, preços justos, a ausência do jeitinho brasileiro, ver todas as pessoas com uma vida digna e, apesar de não haver tanto calor humano quanto no Brasil, as pessoas sabem exatamente onde começa e onde termina o espaço delas." Além disso, o que para ele foi uma experiência incrível e inédita, poder pescar em um lago congelado!




quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

2 - Histórias de campobelenses que vivem ou viveram fora do Brasil.





Thales Garcia Silva

Thales decidiu fazer um intercâmbio cultural aos 29 anos quando já tinha essa ideia construída e pôde efetivá-la, concomitante à sua saída do emprego. Para ele essa decisão seria, além de uma nova experiência, uma forma de fugir do comum. A Irlanda do Sul foi o país escolhido, influenciado por uma amiga que já estava morando lá, ou seja, um ponto de partida e apoio. E também, pela facilidade do visto. Viveu em Dublin, capital do país, onde vivenciou inúmeras experiências: boas e ruins.
Durante o tempo do intercâmbio, aprendeu uma língua nova, o inglês. Aprendia no curso e também ao praticar no seu cotidiano. Fez novos amigos e pôde compartilhar ideias. Pôde também usufruir da excelente educação e segurança da Irlanda. 
Estando na Europa, conheceu outros países como: Holanda, Escócia, Inglaterra, França, Espanha e Bélgica desfrutando assim de novas culturas e de uma nova forma de ver o mundo. O que ele definiu como uma "superação de barreiras".
Um intercâmbio acrescenta muito positivamente, contudo há também o choque de culturas. Thales se deparou com a Xenofobia, "eram pessoas extremamente preconceituosas com os estrangeiros". Relatou que um dia quando estava trabalhando, entregando revistas, um senhor pegou uma de sua mão rasgou e jogou-a no chão, acusando-o de roubar o emprego dos nativos. Também uma professora de sua escola se dirigiu a ele inconformada por não entender o motivo de tantos brasileiros irem para lá.
Para ele, estar em casa no Brasil, condiciona pontos positivos como: mordomias, apoio familiar, a presença dos amigos e a comida de costume. Além disso, trocar um país ensolarado por um chuvoso e frio é um grande obstáculo. Mas, mesmo assim, ele garante que faria um intercâmbio novamente, pois é uma experiência muito válida -"enriquecedora". "Por mais que você esteja sozinho, há o sentimento de vencer obstáculos, de poder fazer tudo aquilo que quiser sem interferência de ninguém, é como ultrapassar os limites" - disse ele.




Histórias de campobelenses que vivem ou viveram fora do Brasil.



Isabel Vieira Bahia Vilela 

Isabel tem apenas 17 anos, mas possui amadurecimento suficiente para tomar suas próprias decisões, mesmo que essas sejam difíceis. Uma delas foi a de fazer um intercâmbio cultural de ensino médio, com duração de um ano, para Finlândia. Este país não está entre os favoritos pelos brasileiros, porém, além de sua originalidade, ela queria algo bem diferente e que a surpreende-se. A língua inglesa também era um de seus pré-requisitos e foi assim que a Finlândia virou cenário da sua vida.
No Brasil Isabel estaria cursando o 3º ano do Ensino médio e se preparando para o vestibular, contudo ela preferiu inserir um novo rumo na sua vida, o que para muitos jovens seria impensável. "Foi meio complicado deixar o meu ensino médio antes de terminar, mas acho que não haveria outra oportunidade como essa." Sua atitude é realmente admirável, pois necessita-se de muita determinação.
Isabel explica que de acordo com o MEC esse intercâmbio pode validar o ano letivo, contudo para isso é preciso cursar cinco matérias obrigatórias, dentre elas: matemática; geografia ou história; física, química ou biologia; educação física e a língua oficial do país em que se está. Porém, ela decidiu aproveitar o que sua escola na Finlândia podia oferecer e também cursar apenas aquilo que lhe interessava, reforçando sua intenção de vivenciar novas experiências. No momento, está cursando matemática, espanhol, russo, geografia em inglês, finlandês e aula de dança ("Para um baile que nós temos aqui em fevereiro, que é uma tradição bem legal").
Ela ainda ficará um bom tempo desfrutando da cultura finlandesa, todavia sem o que mais sente falta: arroz, feijão, seus amigos e seus pais.  Diante da vasta bagagem cultural que está construindo, isso será tolerável, até porque há um futuro que a espera e ela poderá aproveitar tudo isso.
Esse sonho foi só possibilitado graças a sua coragem e apoio de seus pais que a incentivaram mesmo diante da preocupação e saudade. Para alguns isso pode ter sido perda de tempo, mas como diria Renato Russo "Temos todo tempo do mundo (...) somos tão jovens.", com certeza, esse tempo não foi perdido, e sim um tempo de muitos ganhos que ficarão para eternidade.

ps: E aqui vai uma novidade que estou acrescentando, pois aconteceu depois da nossa conversa. A Isa está namorando, a Finlândia além de tudo, lhe trouxe um novo amor.